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Starry Night, Van Gogh. |
Rio de Janeiro. 1955. Num apartamento de classe média de Copacabana. O relógio soava angustiado no seu tic-tac/tic-tac. As horas não passavam. Ele não havia ligado. Sofia então sentou, foi para a máquina de escrever e começou - "tec-tec-tec": 'Um dia...'. Mas não vinha nada na cabeça, a ansiedade causada pela ausência dele ocupavam sua mente. Ela então foi para varanda, acendeu um cigarro e começou a observar o céu. A Lua e as estrelas estavam brilhantes como ela quase nunca havia percebido ultimamente. Ela se lembrava de quando o tinha conhecido. Pensava: "Será que as outras moças da festa lhe eram mais atraentes do que eu?". Mesmo ele tendo-a escolhido aquele dia. Dançaram uma valsa, naquele baile. Desde então, sua vida continuava a mesma. Escrevia, estudava, vivia. Ela não precisava dele. Isso é uma ilusão. De repente, teve um acesso de tosse. Apagou o cigarro, irritada.
Seus vizinhos quase não a conheciam. Seus amigos a viam raramente. Suas melhores companhias eram as idas ao cinema, ao teatro, e seus livros e sua música. E tinha também um gato de estimação. Não se queixava, porém sentia que faltava algo mais.
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Klimt. |
"Quando foi que o perdi? E eu, quando foi que me perdi?...". Pensando nisso, voltou para seu quarto. Foi tomar um banho. Botou a roupa de dormir de sempre, deitou-se, dormiu e sonhou com ele, novamente, esperando encontrá-lo, novamente, quem sabe, quem sabe...