All you need is love.

"A lua que eu mais gosto é a lua nova... e a crescente, porque lembra o sorriso do Cheshire Cat."
bacante boêmia vênus invisível veleia volátil e vil - em vão?

Black star dancing in the end of life.

Take these broken lights and learn to shine.

All your life, you were only waiting to this moment to be loved.

23 de fevereiro de 2011

Frialdade

A luz tão fria das estrelas
É mais fria que teu desamor.
Então, com medo de não tê-la,
Grito um grito de horror.

Na iminência de perdê-la,
O peito já pressente a dor
E não podendo então mais vê-la,
Fecho os olhos, com pavor.

Corvos riem da desgraça,
E me bicam sem piedade
E antes que eu me desfaça
Cai dos céus uma tempestade.

A chuva penetra minhas cicatrizes
E os raios partem meu coração
Viveremos para sempre infelizes
Sete milhas abaixo do chão.

quadro: Willem de Kooning.














17 de fevereiro de 2011

Cisne Negro [contém spoilers] - por Gabriela Ziegler

 O delicado delírio histérico-psicótico e a beleza macabra do narcicismo, do sexo, da dança (e) da morte, deste filme de Darren Aronofsky, que rendeu o Oscar de Melhor Atriz à Natalie Portman, nos traz para dentro de sentimentos muito peculiares.
  A história resume-se no seguinte: a bailarina Nina quer o papel principal de Rainha dos Cisnes, que irá incorporar as duas irmãs: o Cisne Branco e o Cisne Negro. Porém, ela tem medo de perder o papel, e a chegada de uma concorrente, Lily, acentua esse medo, e faz também ela defrontar-se com lados de sua própria personalidade que ela insiste em negar. Ela então envolve-se com Lily, numa tentativa desta de 'esquecer as diferenças', indo para uma festa com ela e consumindo drogas.
  Nina a partir de então vive uma série de delírios, onde tudo ao seu redor parece desmoronar, desde sua própria imagem até o mundo ao seu redor, e onde todos parecem querer pesegui-la e destruí-la. Ela acredita estar se transformando em um cisne, e possuir dentro de si ambos os cisnes. Ela acredita ter tido uma relação sexual com ela, quando na verdade foi um delírio dela, e acredita ferir a outra, quando na verdade feriu a si mesma. Em seu espetáculo final, ela dança  toda a dor de uma vida, e embora esteja dançando com sua companhia de dança, ela dança centrada em si mesma, em seus sentimentos, e pode ainda ter um último vislumbre de sua mãe, emocionada com a filha. 
  Ao presenciar esse espetáculo, nós temos a impressão de também estar dançando,  bela porém sofridamente, podemos sentir na pele todas sensações e desesperos tão comuns a todos nós. O corpo, que é a casa de nossa alma, sofre junto com ela, vive com ela, morre com ela. E a nossa sociedade às vezes nós faz ou sobrevalorizar ou alienarmo-nos de nossos corpos, daí a origem das neuroses modernas.
   Nina espelha em Lily tudo que ela tem medo de ser: sensual, autoconfiante, arrogante, corajosa, livre. Esses aspectos nela são tão reprimidos que ao se deparar com essa imagem, tudo isso surge à tona nela, na forma do Cisne Negro, em oposição ao Cisne Branco, que o seu diretor diz que condiz mais com sua personalidade. Então esse lado "mal" é despertado nela, e é quando ela quer destruir tudo que a acorrenta, desde a rival, a mãe superprotetora, e a própria vida enfim.
  Há um sentido muito mais místico por trás de tudo isso: há o Feminino, o Yin, em oposição ao Masculino, o Yang; os arquétipos da mulher boa e da mulher má; o amadurecimento sexual e emocional; o nascimento de asas; a analogia ao Patinho Feio, que na verdade é um cisne; os nossos espelhamentos no outro; o nosso lado obscuro que teimamos em fingir que não existe; as hierarquias na arte; as tradições da arte; o sonho de libertação, enfim.