Um dia a menina acordara sem vontade de dizer nada. Não porque achasse que não havia mais nada a dizer, mas simplesmente porque achava que nada mais valia a pena ser dito; havia a pena de nada dizer, mas no entanto essa ainda era pior do que a de não dizer nada. Como viver uma vida em silêncio, se nossa sociedade é formada por palavras e diálogos o tempo todo? Como a menina irá sobreviver? Seus pais suspeitaram de depressão ou envolvimento com álcool. Podia até ser isso, mas no fundo, no fundo profundo de sua essência, não era nada disso. Ela simplesmente desacordara sem aquele desejo de tantas palavras. E passara o dia todo apenas comendo, indo a escola e dormindo. À noite o silêncio esticava suas vertebras, que se reverberaram madrugada adentro, e de manhã o calor pedia permanência. Seu amigo não reparara a cor de suas muletas, e sim seu coração cor-de-rosa, que era muito mais do que isso. A menina boquiabriu-se. Seu amigo desmaiara, pois ela deixara escapar:
'A lua veio nos observar, mas nem nos chamou pra festa. Porque somos obrigados a comer? Quero ir a outro planeta, ao meu planeta. Sabiam que?'
Quando voltara a si, seu amigo respondeu, apontando com o dedo indicador para a sua cabeça:
'As ideias estão todas aqui dentro, não há como elas fugirem.'
Essa ideia reconfortara a menina, que começara a contar um conto sobre a história de dois insetos.
'A lua veio nos observar, mas nem nos chamou pra festa. Porque somos obrigados a comer? Quero ir a outro planeta, ao meu planeta. Sabiam que?'
Quando voltara a si, seu amigo respondeu, apontando com o dedo indicador para a sua cabeça:
'As ideias estão todas aqui dentro, não há como elas fugirem.'
Essa ideia reconfortara a menina, que começara a contar um conto sobre a história de dois insetos.
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ResponderExcluiresse é um blog quase totalmente escrito sobre uma lagarta que virou uma borboleta.
Excluirou uma patinha que virou um cisne (do cheiro do cravo, da cor de canela).
nem dadá, nem concreto, inefável e indefinível
como a vida, com seus reverses e suas quimeras, é indescritível e indecifrável
decifra o enigma, que não é imagem nem palavra nem pensamento
é um sentimento que traduza
tudo o que não posso tocar
além do toque factível, do tato
e sim da emoção latente
do lado esquerdo do peito
entre a escápula e o coração
pousa (ou alça voo?)
um 'blackbird'
p.s.: ³
ResponderExcluir* facebook
@Frilaba
Gabriela Ziegler Saraiva.