All you need is love.

"A lua que eu mais gosto é a lua nova... e a crescente, porque lembra o sorriso do Cheshire Cat."
bacante boêmia vênus invisível veleia volátil e vil - em vão?

Black star dancing in the end of life.

Take these broken lights and learn to shine.

All your life, you were only waiting to this moment to be loved.

5 de janeiro de 2012

25 de março de 2010 e sobre Clarice.

Comecei a ler A Hora da Estrela, o último livro da Clarice Lispector, e o mais famoso, por sinal. Tive o prazer de ler, alguns meses atrás, Perto do Coração Selvagem, seu primeiro livro e romance publicado, e depois alguns contos de A Imitação da Rosa, uma coletânea de meu pai, e estou com uma coletânea recente, "Clarice de Cabeceira", com um conto preferido de cada autor ou personalidade convidada (como Maria Bethania, Rubem Alves, Luís Fernando Verissimo, etc...).
Bem, mas o que eu penso da Clarice Lispector nao importa; importa o que ela viria a pensar de mim, se eu tivesse vivido em sua epoca e a conhecido. Mas seria isso possivel? Seria Clarice?


. do livro A Hora da Estrela:

"Pois que dedico esta coisa aí ao antigo Schumann e sua doce Clara que hoje sao ossos, ai de nós. Dedico-me à cor rubra muito escarlate como o meu sangue de homem em plena idade e portanto dedico-me a meu sangue. Dedico-me sobretudo a meu sangue. Dedico-me sobretudo aos gnomos, anões, sílfides e ninfas que me habitam a vida. Dedico-me à tempestade de Beethoven. À vibração das cores neutras de Bach. A Chopin que me amolece os ossos. A Stravinsky que me espantou e com quem voei em fogo. À "Morte e Transfiguração", em que Richard Strauss me revela um destino? Sobretudo dedico-me às vésperas de hoje e a hoje, ao transparente véu de Debussy, a Marlos Nobre, a Prokofiev, a Carl Orff, a Schoenberg, aos dodecafônicos, aos gritos rascantes dos eletrônicos - a todos esses profetas do presente e que a mim me vaticinaram a mim mesmo a ponto de eu neste instante explodir em: eu. Esse eu é que vós pois não aguento ser apenas mim, preciso dos outros para me manter de pé, tão tonto que sou, eu enviesado, enfim, que é que se há de fazer senão meditar para cair naquele vazxio pleno que só se atinge com a meditação. Meditar não precisa de resultados: a meditação pode ter como fim apenas ela mesma. Eu medito sem palavras e sobre o nada. O que me atrapalha a vida é escrever.(...)
Esta história acontece em estado de emergência e de calamidade pública. Trata-se do livro inacabado porque lhe falta a resposta. Resposta esta que espero que alguém no mundo me dê. Vós? É uma história em tecnicolar para ter algum luxo, por Deus, que eu também preciso. Amém para nós todos. (...)
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve.
Não sei  o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho. (...)"


Eu amo Clarice Lispector.

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